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Os benefícios da convivência com animais de estimação à saúde, um olhar da Psicologia

Atualizado: 22 de jun. de 2021

Nossa relação com bichos de estimação é estudada pela ciência e utilizada por profissionais em terapias com animais visando melhoria da nossa saúde. Mas, afinal, quais são os ganhos dessa conexão com os pets?


No início do convívio dos seres humanos com animais, na pré-história, os animais eram utilizados como auxiliares na caça, na segurança do grupo, para transporte e no pastoreio do gado. Conforme esse convívio foi aumentando e sendo cada vez mais necessário, ocorreu uma maior domesticação e as pessoas passaram criar laços afetivos com esses animais. Esses laços foram se tornando significativos para o ser humano, e com isso, os benefícios gerados nesse convívio passaram a melhorar a saúde das pessoas. Confira a seguir quais são esses benefícios.


Benefícios dos animais de estimação para a família


Hoje em dia os animais também são considerados como parte da família. A família é um sistema em relação ou uma organização complexa, em que seu contexto de inserção e suas múltiplas interações influenciam tanto na constituição da personalidade, como sobre o comportamento do indivíduo. Ao longo dos anos as configurações de família foram mudando, conforme a necessidade do ser humano, onde os arranjos familiares passaram a considerar família como sendo monoparentais femininas ou masculinas, binucleares, homoafetivas e multiespécies. A família representa um espaço onde seus membros podem ter maior autonomia e manifestar afeto.

De acordo com Barker (1998), as famílias podem se beneficiar da adoção de animais de estimação sentindo:

  1. Melhoria da convivência entre os membros

  2. Diminuição das tensões entre a família

  3. Aumento da compaixão no convívio social

  4. Melhoria na qualidade de vida e na saúde emocional dos membros

Para as crianças, a convivência com animais de estimação contribui para que elas se tornem mais afetivas, solidárias, sensíveis, com maior senso de responsabilidade, e também para que compreendam melhor o ciclo vida-morte (Tatibana e Costa-Val, 2009). Já para os idosos, a presença dos Pets também se mostra positiva pois, promove o alívio e conforto em momentos de perdas e mudanças, auxilia em uma melhora da autoestima e estimula a convivência social. Pessoas obesas e sedentárias também podem se beneficiar com a presença do animal de estimação, pois elas podem se sentir mais impulsionadas a realizar exercícios físicos, levando seu Pet para passear, ou praticando algum tipo de brincadeira (Costa, 2006).


Terapia assistida por animais


Por volta de 1950, a Doutora Nise da Silveira, grande médica psiquiatra brasileira, utilizou animais para o tratamento de pessoas em um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro. Hoje, muitos profissionais da saúde têm utilizado e estudado os benefícios da zooterapia, tratamentos físicos e psíquicos com a presença de animais.


Você já ouviu falar dessa terapia assistida por animais? Consiste em um processo terapêutico que foi padronizado pela American Delta Society. Esses programas são muito positivos e servem como estratégia para diversos tratamentos. São utilizados para visitas, recreação e distração com o animal, seu proprietário e condutor. Todos os animais utilizados nesses programas devem ser avaliados por profissionais da veterinária e da psicologia comportamental, pois eles devem atender a alguns requisitos como, obediência, socialização e aptidão. Várias espécies de animais podem ser utilizadas para esse tipo de tratamento, mas as principais são equinas e caninas. As equinas são utilizadas para pacientes que possuem limitações físicas e mentais e as caninas são utilizadas em projetos de educação, psicoterapia e/ou fisioterapia com crianças, adultos e idosos, nas mais diversas situações físicas e mentais para as quais apresentam bons resultados (Vaccari e Almeida 2007).


São inúmeras vantagens percebidas nesse contato de animais com seres humanos, com efeitos positivos fisiológicos e psicológicos (Fuchs, 1987; Berzins, 2000; Costa, 2006; Vaccari e Almeida 2007):

  1. Maior frequência de estados de felicidade

  2. Maior tendência a sorrir

  3. Diminuição dos sentimentos de solidão devido ao contato físico e companhia

  4. Aumento na frequência da experiência de afeto

  5. Aumento na percepção de proteção e segurança

  6. Maior senso de propósito devido ao cuidado com o animal

  7. Diminuição da frequência cardíaca

  8. Diminuição da pressão arterial atingindo valores menores que os observados em pessoas na situação de repouso

  9. Maior sobrevida para vítimas recentes de ataque cardíaco

Além disso, segundo Odendaal (2000), o homem pode buscar o autoconhecimento por meio do contato com os animais, estabelecer sua identidade, e descobrir suas próprias ‘’realidades animais’’. Por possuírem muita energia e interagirem com o ser humano de forma espontânea, esses animais podem representar a ponte de ligação do homem com um mundo autêntico, sem hipocrisias, corporativismo ou mediocridade.


Cuidados com os animais


A interação saudável e positiva entre o animal e o ser humano beneficia não só o ser humano, como o animal também. Por isso é importante certificar-se de que o animal também encontra-se confortável interagindo com o homem. Infelizmente, ainda hoje, vemos situações de maus-tratos dos animais. Vale lembrar que desde o ano de 1998 a lei brasileira n° 9.605 prevê penalidade de três meses a um ano de detenção a quem maltrata animais, ou seja, caso você perceba que isto está acontecendo, é importante realizar denúncia pelo número de telefone 181.


Neste artigo você leu como os vínculos e ligações estabelecidos entre o animal e o ser humano, quando sendo saudáveis e positivos, podem trazer benefícios para ambos. A reciprocidade do afeto e da atenção, sensação de segurança mútua, contribuição para a aprendizagem tanto cognitiva quanto de comportamentos saudáveis como compaixão, responsabilidade, respeito, proteção, conforto, suporte são benefícios observados em estudos realizados com tutores e seus animais e nos mostram como essa convivência pode trazer inúmeras vantagens para você.


Quer saber mais sobre o que a psicologia tem estudado e aprendido sobre a nossa conexão com a natureza e os bichinhos? Escreva uma mensagem com sua pergunta, vamos adorar te responder :)


Por Camila D'Angelo - Bacharel em Psicologia pelo Centro Universitário IESB, em busca da especialização em Psicologia Canina e Adestramento Profissional e comportamento felino. Proprietária da empresa Love Pet Sitter, onde trabalha como cuidadora de animais e Dog Walker.


Editado por Beatriz Zanetti (CRP - 01/19319) - Psicóloga pela Universidade de Brasília e Mestre em Educação para Carreira pela Universidade Livre de Bruxelas. Dedica-se a auxiliar quem vive transições de vida e carreira, na busca por felicidade, presença e equilíbrio, no Brasil ou no exterior. Atendimentos em português e inglês.



Referências citadas no artigo:


Almeida, M., L, Almeida, L., P e Braga, P., F., F. – Aspectos psicológicos na interação homem – animal de estimação. Universidade Federal de Uberlândia. IX Encontro interno e XIII seminário de iniciação cientifica.

Barker, S.B. and Dawson, K.S., 1998, “The Effects of Animal-Assisted Therapy on Anxiety

Berzins MAVS. Velhos, cães e gatos: interpretação de uma relação [tese]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 2000.

Costa, E. C. (2006). Animais de estimação: uma abordagem psico-sociológica da concepção dos idosos (Dissertação de Mestrado em Saúde Pública). Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza.

Fuchs H. O animal em casa: um estudo no sentido de desvelar o significado psicológico do animal de estimação [tese]. São Paulo: Faculdade de Psicologia da Universidade de São Paulo; 1987.

Gazzana. C. – Novas Configurações Familiares e Vínculo com os Animais de Estimação Numa Perspectiva de Família Multiespécie. 2015.

Giumelli, R., D. e Santos, M., C., P. – Convivência com animais de estimação: Um estudo fenomenológico. Revista da Abordagem Gestáltica – Phenomenological Studies, XXII(1): 49-58, jan-jun, 2016.

Odendaal, J.S., 2000, “Animal-Assisted Therapy - Magic or Medicine?” Journal of Psychosomatic Medicine, Vol. 49, N.4, p. 275-280. Ratings of Hospitalized Psychiatric Patients”. Psychiatric Services, Vol. 49, N.6, p.797-801

Tatibana, L. S. & Costa-Val, A. P. (2009). Relação homem-animal de companhia e o papel do médico veterinário. Revista Veterinária e Zootecnia em Minas, n. 103. Recuperado em Fevereiro de 2014, de http://www.crmvmg.org.br/RevistaVZ/Revista03.pdf#page=11

Vaccari, A., M., H. e Almeida, F., A. – A importância da visita de animais de estimação na recuperação de crianças hospitalizadas. Einstein, 2007; 5(2):111-116.


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