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Foto do escritorBeatriz Zanetti

DESBLOQUEIE SEU POTENCIAL: APRENDA A VERDADE SOBRE OS PROCESSOS DE MUDANÇA

Atualizado: 22 de nov. de 2023

Nesse artigo te levamos para uma jornada de reflexão quanto aos fatores que impactam seus processos de mudança durante os ciclos da vida. Também te ajudamos a identificar habilidades poderosas para impulsionar suas mudanças geográficas e de carreira. Esteja à frente das mudanças e saiba como lidar com elas após ler este artigo!


Aprendemos na escola, em Ciências, que os ciclos de vida do ser vivo resumem-se em nascer, crescer, reproduzir e morrer. Não se leva em conta a complexidade dos fenômenos que existem em cada uma dessas fases quando falamos da vida humana. Do nascer até o morrer há um processo de transformação explicado de formas variadas a depender do enfoque teórico.

Há teorias que definem essas transformações por um viés genético- biológico- o aparecimento dos dentes, os primeiros passos, a aquisição da linguagem, o amadurecimento sexual, o envelhecimento do organismo. Assim, demarcando os estágios de desenvolvimento de um ser humano, a partir da aquisição de estruturas físicas e biológicas capazes de promover determinadas transformações.

Para a Ciência, é mais fácil universalizar até aquilo que nos é contextualizado culturalmente, se pensarmos nos grandes períodos em que normalmente tem sido dividida a vida humana- a infância, a adolescência, a idade adulta e o envelhecimento. Essas etapas são apresentadas como universais e associadas a características comuns a todas as pessoas e a todos os grupos humanos.

Mas a maturação biológica, essencial para o processo de desenvolvimento, não representa a totalidade do desenvolvimento humano: o que nos constitui em cada um desses estágios não se encontra só na biologia do indivíduo, mas também na psicologia do sujeito.


Mudança e Transição, será que é a mesma coisa?


As mudanças da vida são sentidas de forma singular por cada pessoa. Em geral, há aquelas que demoram mais para tomar a decisão de mudar. As que precisam se assegurar de todas as informações possíveis, mas quando decidem encaram com tudo a nova jornada, dão suporte às demais que não estão tão seguras. Há aquelas que tomam a decisão rapidamente, aceitam se arriscar mas também podem encontrar sofrimento e dúvidas durante o processo de mudança.

A mudança se resume muito mais ao processo pessoal do que ao evento em si. Depende da personalidade e do contexto vivido e das formas como se lida com as mudanças reais e com os sentimentos que proporcionam.

Parafraseando Marilyn Ferguson: "Ninguém pode persuadir o outro a mudar. Cada um de nós guarda um portão da mudança que só pode ser aberto por dentro. Não podemos abrir o portão do outro nem por argumento nem por apelo."

E mais, não podemos impedir o portão do outro de ser aberto devido a qualquer tipo de preconceito, seja de idade, cor, gênero ou nacionalidade.

Uma forma de explicar isso, são os diferentes traços de personalidade de cada indivíduo. Dentre os 5 traços de personalidade definidos pelo Big Five, teste com melhor comprovação científica sobre traços de personalidade, aquelas pessoas que são criativas e curiosas, têm mente aberta, geralmente possuem uma boa abertura para experiências novas. Já aquelas que têm um elevado escore no traço de Neuroticismo, podem experimentar emoções negativas em situações estressantes e instáveis, como as que ocorrem em mudanças. No entanto, não são as mudanças que afetam o indivíduo internamente, são as transições. A mudança não é a transição.

Mudança é situacional, é um evento é o que aparece de novo: um novo chefe, um novo emprego, um novo país, uma nova língua. A transição é o processo psicológico pelo qual passamos para chegar a um acordo com essa nova situação: é como pensamos sobre isso, como nos sentimos sobre a mudança. Assim, a mudança é externa e a transição é interna.

Segundo o Modelo de Willian Bridges, passamos por estágios de transição, cada um à sua maneira e velocidade.

  • Primeiro estágio: o momento que estamos lidando com nossas perdas, com as finalizações e despedidas, compartilhando nossos sentimentos e tentando manejar tudo isso.

  • Segundo estágio: a chamada zona neutra, é quando os eventos oriundos da mudança estão sendo vividos, não se tem muita experiência ou habilidade com o que se mostra de novo e isso pode gerar ansiedade. É nesse momento que as forças de resistência e propulsoras aparecem e colocam o indivíduo em frente à decisão de continuar na mudança ou desistir da mesma.

  • Terceiro estágio: há uma sensação de mais conforto dentro da mudança, são feitos feedbacks positivos em relação a você ou seu trabalho e isso tudo favorece no estado psicológico, bem como na decisão de permanecer na mudança.


Mudanças: O olhar da psicologia para o mudar ao longo da vida


Abordagem sociohistórica

O olhar trazido pela abordagem psicológica sócio-histórica, considera que os processos de transformação ocorrem ao longo de toda a vida e estão relacionados a um conjunto complexo de fatores. Palacios, inspirado pelos renomados dessa abordagem, Vygotsky e Luria, elabora uma síntese para os fatores que se relacionam com os processos de desenvolvimento:

  1. a etapa em que a pessoa se encontra;

  2. as circunstâncias culturais, históricas e sociais nas quais sua existência transcorre; e

  3. as experiências particulares privadas de cada um e não generalizáveis a outras pessoas.

No primeiro fator focaliza-se o indivíduo isolado e as transformações que ocorrem para todos os seres humanos de forma similar (por exemplo, o aparecimento de dentes), nos dois últimos fatores citados aparecem as circunstâncias histórico- culturais e as peculiaridades da história e experiências de cada sujeito.

Portanto, o desenvolvimento individual se dá dentro um determinado contexto sócio-histórico-cultural, que atravessa o sujeito, reelabora-o com conteúdos culturais, artefatos materiais e simbólicos, que o levam a interpretações, significados, modos de agir, de pensar e de sentir. Assim, a depender da cultura, a fase da puberdade, por exemplo, para além das transformações fisiológicas, é interpretada de formas diversas- com imediato casamento, isolamento do jovem, rituais de introdução ou religiosos.


Além disso, também não pode ser descartada a experiência individual de cada sujeito e suas múltiplas conquistas psicológicas ao longo da vida. Tudo isso gera uma complexa configuração de processos de desenvolvimento que será absolutamente singular. A cada interação com o mundo externo, o indivíduo encontra-se em um determinado momento de sua trajetória particular, trazendo consigo uma bagagem específica e única para interpretar e re-significar os fenômenos que lhe aparecem.

Assim, abre-se espaço para a transformação, que é a própria essência do desenvolvimento.

Quão limitado é pensar as diferentes fases da vida sem considerar o potencial transformador que elas têm em nós, sem a bagagem individual, sem as aprendizagens adquiridas!


Transições: Como a psicologia explica o processo psicológico vivido frente às mudanças ao longo da vida


Teoria psicossocial do desenvolvimento humano

O autor Erik Erikson desenvolveu uma teoria psicossocial sobre o desenvolvimento humano a qual diz que ao longo da vida, o desenvolvimento é influenciado por desafios específicos de cada estágio da vida. Ele identificou oito estágios do desenvolvimento, cada um com uma crise psicossocial central a ser resolvida. ,

Estágios do Desenvolvimento Psicossocial de Erik Erikson:

  1. Confiança X Desconfiança (0-1 ano)

  2. Autonomia X Vergonha e Dúvida (1-3 anos)

  3. Iniciativa X Culpa (3-6 anos)

  4. Diligência X Inferioridade (6-12 anos)

  5. Identidade X Confusão de Papéis (adolescência 12- 18 anos)

  6. Intimidade X Isolamento (jovem adulto 18- 40 anos )

  7. Generatividade X Estagnação (idade adulta média 40- 65 anos)

  8. Integridade X Desespero (velhice 65- até o fim da vida)


O estágio relacionado à idade adulta na teoria de Erikson é chamado de "idade adulta" ou "idade madura", que geralmente ocorre entre os 25 e os 65 anos. Nesse estágio, Erikson afirma que a crise psicossocial central é chamada de "generatividade versus estagnação".

A generatividade envolve a necessidade de estabelecer e guiar as gerações futuras, contribuir para a sociedade e deixar um legado duradouro. Isso pode ser alcançado por meio do trabalho produtivo, criação de filhos, envolvimento cívico e outras formas de contribuição significativa.

A estagnação ocorre quando uma pessoa não consegue encontrar um senso de propósito e significado em sua vida adulta. Isso pode levar a sentimentos de estagnação, insatisfação e falta de envolvimento com os outros.

O sucesso nesse estágio está no equilíbrio entre as demandas de autogratificação pessoal e a necessidade de contribuir para o bem-estar e o progresso das gerações futuras. Aqueles que alcançam a generatividade tendem a sentir satisfação, propósito e um senso de realização, enquanto aqueles que ficam presos na estagnação podem experimentar sentimentos de vazio e arrependimento. Você já se percebeu em crise enquanto tenta manter o equilíbrio entre essas demandas?


Teoria do desenvolvimento adulto positivo e o processo de adultecer


Uma forma de definir a fase adulta no senso comum é como um momento de criar estabilidade e tomar decisões importantes. É quase como se houvesse um "checklist": concluir uma educação formal, ingressar no mercado de trabalho, estabelecer sua independência, deixar a casa dos pais, assumir a responsabilidade por suas próprias despesas e estilo de vida e tomar decisões quanto à carreira, relacionamentos amorosos e finanças. Além disso, espera-se que a fase da vida adulta também envolva questões como formação de família, casamento e criação de filhos.

É um período em que as pessoas têm mais autonomia e liberdade para tomar decisões que impactarão seu futuro. Mas olhando para esse “checklist”, fica a pergunta: em meio a tanto potencial de liberdade, quantas expectativas existem sobre a vida de adulto e como isso pode ser limitador, não é mesmo?!


E quando você não cumpre esse checklist?

E aqueles que não adquirem a casa própria, vivem mudando de emprego e estão longe da sonhada estabilidade ou nunca a almejaram? Ficam em qual posição social? Devem se sentir fracassados ou imaturos? Devem seguir em suas carreiras enfadonhas, pois não podem mais fazer grandes mudanças na vida?

Você conhece a música Eduardo e Mônica da Banda Legião Urbana? Vale a pena escutar e prestar atenção na letra ;)


A teoria do desenvolvimento adulto positivo de Daniel Levinson destrincha mais os estágios e transições que as pessoas vivenciam ao longo do envelhecimento. O que parece ser mais realista tamanha a complexidade do tema e a multifatorialidade. De acordo com o autor, o desenvolvimento humano é marcado por mudanças e desafios específicos. E na idade adulta é dividida em três estágios principais:

  1. Transição para a vida adulta jovem (idade dos 20 aos 40 anos): Durante esse estágio, os jovens adultos estão saindo da adolescência e fazendo a transição para a vida adulta. Eles enfrentam desafios como estabelecer uma identidade profissional, construir relacionamentos íntimos e tomar decisões significativas em várias áreas da vida.

  2. Era da vida adulta média (idade dos 40 aos 65 anos): nesse estágio, as pessoas estão estabelecidas na vida adulta e enfrentam desafios como estabilizar suas carreiras, criar e educar filhos, e construir um senso de realização e propósito. Também é comum que ocorram mudanças significativas, como transições de carreira ou ajustes na vida familiar.

  3. Era da vida adulta tardia (idade dos 60 anos em diante): Durante esse estágio, as pessoas estão se aproximando da aposentadoria e enfrentam desafios como lidar com a saúde e o envelhecimento, ajustar-se a mudanças nas relações familiares e encontrar novas formas de satisfação e significado na vida.

Ambas teorias sobre como vivemos as transições, apesar de diferentes, têm contribuído para a compreensão do desenvolvimento humano, mas com enfoques distintos. Erikson enfatiza a importância das interações sociais e culturais no desenvolvimento psicossocial. Ele acredita que o desenvolvimento da identidade e a resolução das crises são influenciados pelas relações com outras pessoas e pela cultura em que se vive. Levinson também considera as influências sociais no desenvolvimento adulto, mas sua teoria destaca mais as mudanças internas e individuais que ocorrem ao longo da vida adulta, como as transições de carreira e as mudanças nas relações familiares.


Com qual teoria você se identifica mais? Em qual estágio você se encontra? Você consegue se colocar em mais de um estágio?


Mudanças das fases da vida e transições de carreira


Diante dessa leitura e das perguntas que lhe fizemos, possivelmente você tenha refletido sobre o momento atual no qual vivemos, principalmente relacionando a vida adulta ao trabalho, à família e às constantes mudanças que viemos enfrentando. Na era do nomadismo digital, da satisfação imediata, de diversas formas de ser/ ter famílias, e de um mercado altamente inovador, o adulto de hoje pode se sentir perdido em relação ao papel que desempenha ou o que faz sentido naquele determinado momento de sua vida.

Ao longo da vida desempenhamos vários papéis, de acordo com Super (1990): criança (filho/filha); estudante, cidadão; trabalhador (incluindo os desempregados); e homem/ mulher dedicados a atividades domésticas e familiares. Gradualmente foram sendo agregados outros papéis como cônjuge, pai/mãe,e aposentado.



Esses papéis estão conectados com o estágio da carreira no qual o sujeito se encontra. Antes, os estágios de carreira se relacionavam de forma gradual e contínua com os papéis do ciclo vital, por exemplo:

  • o primeiro estágio de crescimento, equivalia aos períodos da infância e pré- adolescência;

  • no estágio de exploração, caracterizado pela experimentação e pelo desempenho de diferentes papéis encontra-se a etapa da adultez jovem (decorrer da adolescência e começo da vida adulta).

  • a exploração é demarcada por transições e pela constante autoanálise e que culmina na escolha profissional.

  • a partir daí o sujeito se estabiliza na profissão, adquire autonomia financeira e se consolida no mercado, vive anos mantendo esse status para assim adquirir a tão sonhada aposentadoria.


Você já se sentiu um peixe fora d'água por não estar em um estágio de carreira condizente a seu ciclo vital ou papel social?


A sociedade nos demanda a todo tempo o exercício desses papéis. Dependendo do país, da cultura e/ou de crenças religiosas, a idade e as exigências podem mudar. No Brasil, por exemplo, dos 25 aos 35 anos, a cobrança costuma ser maior. Espera-se que os grandes projetos de vida devam estar concluídos ou em vias de conclusão como: carreira estabelecida, casamento e filhos. Mesmo o mundo mudando, há um "delay" no imaginário transmitido pela cultura e seguimos pressionados por antigas visões que podem nos aprisionar se não olharmos para o que realmente desejamos para a nossa vida.


Como viver transições e manter uma boa saúde mental


Transições podem gerar pensamentos negativos ou distorcidos que tendem a aumentar a ansiedade ou o estresse. É necessário você encarar os desafios sabendo que irá passar por dificuldades. Nesse sentido, será necessário você ter flexibilidade psicológica para conseguir se ajustar a novas circunstâncias da vida de forma saudável. Uma boa dose de autocompaixão também será bem-vinda para você reduzir a autocrítica e julgamentos severos e, com isso, ampliar sua resiliência emocional. Dessa forma, listamos algumas estratégias baseadas na Terapia Cognitivo Comportamental que podem ser úteis na sua preparação emocional:

  1. Observe seus pensamentos e pergunte a si mesmo se eles são realistas e úteis. Tente substituí-los por pensamentos mais equilibrados e realistas.

  2. Aceite a mudança: Mudanças podem ser desafiadoras e gerar resistência. No entanto, a aceitação é uma parte importante do processo de adaptação. Reconheça que a mudança faz parte da vida e foque em encontrar maneiras de lidar com ela da melhor forma possível.

  3. Estabeleça metas realistas: Durante uma mudança, é útil definir metas realistas e alcançáveis. Isso pode ajudar a manter o foco e proporcionar uma sensação de realização. Quebre as metas maiores em etapas menores e comemore cada conquista ao longo do caminho.

  4. Construa uma rede de apoio: Ter uma rede de apoio é fundamental durante as transições. Converse com amigos, familiares ou um psicólogo(a) para compartilhar suas preocupações e emoções. Eles podem fornecer suporte emocional e perspectivas úteis.

  5. Pratique habilidades de enfrentamento: Desenvolva habilidades de enfrentamento saudáveis para lidar com o estresse e a ansiedade. Isso pode incluir técnicas de relaxamento, exercícios físicos, práticas de mindfulness, hobbies ou qualquer atividade que traga conforto e equilíbrio emocional.

  6. Desafie comportamentos de evitação: Durante as mudanças, é comum evitar situações desconfortáveis ou desafiadoras. No entanto, evitá-las pode prolongar o desconforto e impedir o crescimento pessoal.

  7. Cuide do seu bem-estar geral: Durante os períodos de mudança, é importante cuidar de sua saúde física e emocional. Isso inclui manter uma rotina de sono adequada, alimentação saudável, exercícios regulares e procurar atividades que lhe tragam alegria e satisfação.

Para continuar a aprender recursos para lidar com mudanças e transições, você pode clicar aqui para se cadastrar na Área Exclusiva e fazer o download de vários outros materiais que preparamos para você. Se vai viver (ou vive) as grandes mudanças e transição de um processo de imigração, saiba que preparei o Programa de Desenvolvimento Emocional para Viver no Exterior para você. Refinar seu autoconhecimento para uma mudança para o exterior é um passo essencial para torná-la mais bem sucedida. Se você gostaria de morar fora do Brasil aprenda tudo que precisa para viver essa jornada com leveza! Participe da próxima turma do Programa de Desenvolvimento Emocional, clicando aqui.


Será uma honra te atender e te ajudar a conquistar seu sonho! Por aqui você encontra um ambiente de escuta acolhedor e sigiloso. Escrito por: Beatriz Zanetti (CRP - 01/19319) - Psicóloga pela Universidade de Brasília e Mestre em Educação para Carreira pela Universidade Livre de Bruxelas. Dedica-se a auxiliar quem vive transições de vida e carreira, na busca por felicidade, presença e equilíbrio, no Brasil ou no exterior. Atendimentos em português e inglês. Maria Luiza Rocha - Graduanda em Psicologia pela Faculdade Cesusc, Bacharel e Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Santa Catarina. Interessada em pessoas, cultura e sociedade.


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